A doação de sangue é um gesto solidário que salva vidas diariamente. Seja em emergências, cirurgias complexas ou tratamentos de doenças como anemias graves e câncer, os estoques de sangue são essenciais para garantir atendimento médico adequado. No Brasil, cerca de 1,6% da população é doadora regular, número que está abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que sugere um percentual de pelo menos 3%. Em países desenvolvidos, esse índice pode chegar a 5% ou até 7% da população.
Em Volta Redonda, o Hemonúcleo desempenha um papel crucial na captação, processamento e distribuição do sangue para oito unidades hospitalares da região. Esses hospitais dependem diretamente das doações de sangue para atender casos de emergência, tratamentos prolongados de doenças crônicas, cirurgias eletivas de alta complexidade e cirurgias de urgência decorrentes de grandes traumas. Apesar da importância desse trabalho, a captação de sangue ainda enfrenta desafios, como a baixa adesão da população e mitos que cercam o ato de doar.
A Importância da Doação de Sangue e os Desafios Enfrentados
Garantir que os estoques de sangue se mantenham em níveis seguros é um desafio constante, pois a demanda hospitalar nunca diminui. Um dos principais entraves é a falta de cultura da doação regular e voluntária. Muitas pessoas só doam quando um amigo ou familiar precisa, sem perceber que o sangue deve estar sempre disponível para qualquer emergência.
Para mudar essa realidade, o Hemonúcleo de Volta Redonda desenvolve diversas estratégias de incentivo. Entre elas, estão as campanhas educativas voltadas para conscientização e combate às informações equivocadas sobre a doação de sangue.
De acordo com Cristina Teixeira, Assessora do Hemonúcleo VR responsável pela captação de doadores, as campanhas de doação de sangue são realizadas tanto internamente quanto externamente. “Internamente, há a mobilização entre colaboradores da instituição e familiares de pacientes que necessitam de transfusões, incentivando-os a trazer doadores para reposição dos estoques. Além disso, pacientes de cirurgias eletivas são informados, durante as consultas de risco cirúrgico e anestésico, sobre a importância de encaminhar pelo menos três doadores para garantir a reserva necessária de bolsas de sangue”, explicou.
No aspecto educacional, projetos como “Jovens Sangue Bom” (para alunos do ensino médio) e “Universitários Sangue Bom” (para estudantes de ensino superior) têm sido implementados em parceria com a Secretaria da Juventude de Volta Redonda (SEJUV). Essas iniciativas visam sensibilizar os jovens e encorajá-los a se tornarem doadores voluntários.
Além disso, o Hemonúcleo trabalha em conjunto com líderes religiosos, organizando grupos para doação de sangue, e com empresas da região, promovendo ações durante reuniões corporativas para engajar colaboradores.
Segundo a Dra. Juliana Damasceno, hematologista e professora do UniFOA, o sangue é um componente essencial para o cuidado médico e hospitalar. “Os componentes do sangue, hemácias, plasma e plaquetas, são cruciais no tratamento de diversas condições médicas e cirúrgicas”, explica a especialista.
Dentre os desafios, está a necessidade de manter os estoques em níveis seguros para atender os diversos pacientes que dependem de transfusões, especialmente em períodos de alta demanda, como feriados prolongados, quando os acidentes aumentam significativamente. “Nesses períodos, além dos pacientes que cronicamente necessitam de transfusão, a demanda aumenta pela necessidade de dar suporte às vítimas de acidentes”, alerta a Dra. Juliana.
Conscientização da Doação de Sague e Combate a Mitos
Muitos indivíduos deixam de doar sangue por falta de informação ou por acreditar em mitos e receios infundados. Algumas pessoas temem que a doação de sangue possa afetar sua saúde, quando na verdade o volume coletado é rapidamente reposto pelo organismo. Outros acreditam erroneamente que doar sangue pode levar ao ganho de peso ou tornar o sangue mais fino ou grosso, mitos que não têm embasamento científico. Questões como tatuagem, tabagismo e menstruação também geram dúvidas, mas não são impedimentos definitivos para a doação de sangue.
A cultura da doação voluntária e regular de sangue ainda precisa ser fortalecida no Brasil. O Ministério da Saúde realiza campanhas para estimular o crescimento do número de doadores, mas os índices ainda estão abaixo do necessário. A população pode fazer a diferença ao se tornar doadora frequente, ajudando a salvar vidas e garantindo que os bancos de sangue tenham estoques suficientes para atender às demandas hospitalares.
Empresas, instituições de ensino e organizações comunitárias são aliadas fundamentais na mobilização de doadores. Campanhas coletivas organizadas nesses espaços têm um impacto significativo na adesão de novos voluntários, tornando a doação de sangue um ato recorrente para muitos.
Com essas iniciativas, espera-se ampliar o número de doadores regulares e garantir que os bancos de sangue da região estejam sempre abastecidos, permitindo que vidas sejam salvas todos os dias.
Critérios para Doação de Sangue
Para ser um doador, é necessário atender a alguns requisitos estabelecidos pelo Ministério da Saúde:
- Ter entre 16 e 69 anos (menores de 18 anos precisam de autorização dos responsáveis);
- Pesar mais de 50 kg;
- Estar em boas condições de saúde;
- Não estar em jejum prolongado e evitar alimentos gordurosos antes da doação;
- Não ter ingerido bebida alcoólica nas últimas 12 horas;
- Não ter tido doenças transmissíveis pelo sangue, como hepatite B e C, HIV e sífilis;
- Mulheres não podem estar grávidas ou amamentando.
Para quem deseja contribuir, o Hemonúcleo de Volta Redonda está de portas abertas, pronto para receber novos doadores e fortalecer essa corrente do bem, no Hospital São João Batista (HSJB) de segunda à sexta-feira das 7h às 13h.
